quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Rei Lear

Indicações bibliográficas: SHAKESPEARE, William, Rei Lear
“Então pobre Cordélia!...Mas não, não sou pobre, visto que tenho a certeza do meu amor ser mais rico que a minha língua”. “Infeliz que eu sou, que não posso trazer o coração nos lábios.” Por vezes, através de palavras precisas, leva-se a acreditar num amor grandioso e inexistente. O uso que se faz de tais palavras, revela o poder da expressão em designar o que não é como se fosse, ou melhor, a força das palavras cria o que não tem existência própria num jogo de fabulação diabólica, dissimulando o real. Já dizem os provérbios “A melhor palavra é a que fica por dizer.” e “A palavra é de prata, o silêncio é de oiro.”. O silêncio, por vezes, é mais sincero, realista e verdadeiro que muitas palavras que poderiam ser ditas na sua vez. O silêncio vale mais que mil palavras.

“Lamento então, que pela perda de um pai tenhais de perder um marido”. Com estas palavras e ainda hoje muitos casamentos são interesseiros. Os valores que estão na base do casamento como o amor, a amizade, a partilha e o companheirismo seriam ou serão apenas pequenos pormenores que não eram/são necessários para ter direito a uma parte do reino.

“ Formosa Cordélia, és a mais rica, sendo pobre; a mais preciosa apesar de abandonada; a mais querida, embora desprezada.” Apesar de não ter bens materiais, Cordélia das três irmãs que o livro retrata era a mais digna, verdadeira e merecedora do amor de Lear pois sempre amou e lutou pelo bem do pai. A sua personalidade distinguia-a das irmãs pois mesmo não tendo nada, sempre fora correcta e digna do título de princesa que lhe tinha sido negado. Pois ser princesa não é só ter um título, mas também aquilo que se faz com ele.

A minha opinião:
Rei Lear foca temas como a natureza do poder, a disputa e a ambição pelo poder.
É difícil de compreender como é que irmãs conseguem eliminar tudo e todos para subirem ao poder. Não nos parece algo feito por pessoas ditas humanas, contudo, este era um acto muito comum entre reis e imperadores pois para estes não eram importantes os súbditos ou mesmo a família. A glória que o cargo traz parece muito mais importante que os laços familiares ou humanos. Estas lutas pelo poder são sempre trágicas e tristes porque forçam as pessoas a fazerem algo que não é digno de seres humanos.
Todavia, o amor filial demonstrado por Cordélia e Edgar é digno de ser louvado pois, apesar de desprezados e negados injustamente, estes mantiveram-se sempre fiéis a seus pais e ajudaram-nos quando tudo estava contra eles. A luta que estes travaram contra o mal e na tentativa de estabelecer o bem mostra as suas fortes personalidades e a determinação. O amor dos filhos para com os pais deveria ser sempre demonstrado, pois a eles devemos a vida e aquilo que somos. “Meu bom senhor, vós destes-me o ser, tendes-me criado e amado. Retribuo-vos esses deveres como é minha obrigação, com obediência, amor e acima de tudo, honra”.

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